Uma história de amor com quilômetros de estrada

Uma história de amor com quilômetros de estrada

Benil e Lúcia Teixeira estão completando 43 anos de casado. E para comemorar, eles vão fazer uma viagem a bordo de um novo motorhome, que está sendo montado sobre um chassi de Daily, modelo 70C17.

Benil e Lúcia Teixeira estão completando 43 anos de casado. E para comemorar, eles vão fazer uma viagem a bordo de um novo motorhome, que está sendo montado sobre um chassi de Daily, modelo 70C17. Esta será a 15ª casa sobre rodas do casal, que carrega na bagagem mais de um milhão de quilômetros rodados pelas estradas da vida!
Anna Gabriela Araujo

Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer como é grande o meu amor por você...” Este que é um dos maiores sucessos da música popular brasileira poderia muito bem ser a trilha sonora de Benil e Lúcia Teixeira.  Nascidos na mesma cidade do rei Roberto Carlos – em Cachoeiro do Itapemirim (ES) – eles escolheram trilhar a vida juntos, mas ao som de uma outra canção do famoso “brasa” da Jovem Guarda: “Sei tudo que o amor é capaz de me dar. Eu sei já sofri, mas não deixo de amar. Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!” A história do casal aventureiro teve início na década de 1970. Quando Benil conheceu Lúcia, ela havia completado 16 anos e ele já estava com 26.

Mas esses dez anos a mais não atrapalharam em nada a união. “Foi amor a primeira vista”, revela Benil, que ainda mantém o mesmo olhar apaixonado de 43 anos atrás quando fala da vida que construiu ao lado da amada. Casaram em 1972 e desde então passaram a fazer tudo junto, seguindo a risca o juramento que fizeram diante do altar: “prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.” Como eram muito jovens, a diversão era acampar aos fins de semana.

A prática virou hábito e, assim, família Teixeira acabou conhecendo boaparte das belezas naturais do Brasil. “Optamos por viajar – e muito! Testamos todos os tipos de barracas de camping, até que em 1999 compramos nosso primeiro motorhome”, lembra Lúcia, que desde então já rodaram mais de um milhão de quilômetros a bordo de 14 casas sobre rodas. “Já testamos todo tipo de veículo. Mas há quatro anos optamos por construir nosso lar móvel sobre o chassi da Iveco. Agora, estou trocando novamente meu motorhome e vou pegar meu terceiro Daily zero quilômetro”, comenta Benil, que mandou fazer uma nova casa sobre rodas – a 15ª - para comemorar os 60 anos da amada. “Surgiu um bom negócio. Aí eu passei para frente o antigo e mandei fazer um top de linha para a minha esposa.” Segundo ele, a opção pelo Daily 70C17 tem relação direta com a versatilidade oferecida pelo veículo comercial leve da Iveco. “Gosto da marca, que vende um produto completo de fábrica. Ele é robusto, anda muito e tem tudo o que preciso: ar condicionado, direção hidráulica, piloto automático, vidros e travas elétricos. Parece um automóvel”, elogia Benil, enumerando outra vantagem do Daily: “Como é um veículo leve, eu não preciso usar o arla, apenas o diesel S-10.

Com isso, ao invés de armazenar o produto, eu ganho um espaço para colocar outro maleiro e carregar mais coisas!” Para Benil, os diferenciais do Daily não param por aí: “Nele, consigo montar um motorhome de 8,5 metros e ainda dirigir como se estivesse guiando um carro de passeio. Mas para atingir a perfeição, a única coisa que falta neste veículo é o câmbio automático.” Quando Benil fala da força e da robustez do Daily é com propriedade e conhecimento de causa, uma vez que em suas viagens, Benil costuma rebocar um carro de passeio, que serve de apoio para fazer trilhas mais pesadas ou ainda dirigir no centro das cidades. E para incentivar aqueles que sonham em passar o resto da vida viajando, Benil afirma que nunca teve qualquer tipo de acidente ou problema mecânico em suas viagens. “Nunca precisei ficar parado na estrada por conta de algum acidente ou falha técnica. Por outro lado, sempre mantenho o veículo em ordem, com todas as revisões atualizadas e pneus novos. Afinal, em se tratando de viagens longas, é sempre melhor prevenir do que remediar!”
 

São tantas emoções...
Hoje, o casal - que tem duas filhas, Giovana (42 anos) e Julliana (36 anos), e dois netos, Julia (de 22 anos) e Guilherme (de 3 anos) – está aposentado. E a filha mais velha segue administrando o negócio da família, que desde a década de 1970 atua no ramo de mobiliário para escritório, por meio da representação da marca Alberflex. “Viajamos tanto, que nossa segunda filha foi concebida durante um acampamento na cidade de Natal (RN)”, assegura a aventureira que agora está aposentada, mas construiu sua trajetória profissional ao lado do marido. Enquanto ele cuidava da venda dos móveis, ela ficava responsável pela área financeira da empresa capixaba. Há oito anos, com a aposentadoria, veio também a liberdade de poder viajar mais e para destinos cada vez mais dis tantes. “Dos 365 dias do ano, nós viajamos em média 260!”, comemora Lúcia, explicando que mantém uma casa em Vitória, onde passa no máximo seis dias por mês e logo já retorna para a estrada em busca de uma nova aventura. Nesse ritmo, já percorreram quase todas as rotas turísticas do Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile. Somente a Cordilheira dos Andes, eles cruzaram umas três vezes, rumo à Região dos Lagos, que para Lúcia é um dos lugares mais lindos do mundo. “Acabamos de voltar de uma viagem de 60 dias entre Argentina e Chile. E já inclui a Região dos Lagos no roteiro que estamos preparando para a nossa próxima viagem, que será para o Ushuaia, a capital da Província da Terra do Fogo”, adianta a viajante, que no próximo mês de janeiro segue rumo ao Deserto de Atacama, no Chile, com o objetivo de cruzar o país de ponta a ponta. “Estamos planejando ficar uns 90 dias por lá”, informa Benil.

 


Relembrando algumas cenas dessa última viagem, ele conta que demorou 14 horas para cruzar as Cordilheiras dos Andes, nos 360 quilômetros que ligam Mendoza, na Argentina, a Santiago do Chile. O motivo? “Curtimos cada quilômetro dessa linda estrada, no nosso tempo. Essa é a diferença entre viajar de avião e de motorhome. Toda vez que achamos um lugar interessante, paramos, porque já estamos em casa!” “A sensação de liberdade e autonomia que o motorhome nos proporciona é simplesmente indescritível!”, ressalta Lúcia, que ao retornar dessa última viagem teve de enfrentar um congestionamento de seis horas na Régis Bittencourt, por conta de um acidente na famosa Serra do Cafezal. Demorou tanto para liberarem a estrada, que eles tiveram que prestar socorro para duas famílias que estavam presas no congestionamento. “Abrimos a porta do nosso motorhome para as crianças usarem o banheiro e tomarem água. Nesse quesito, nós somos privilegiados. Quando pegamos trânsito, nada muda, porque estamos literalmente em casa!” Como escolheram passar a vida na estrada e o que não falta ao casal é tempo, Benil e Lúcia estipularam como meta ir aonde o sol está! Assim, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro eles viajam pela América Latina. E, entre maio e julho, vão curtir as estradas europeias em um motorhome alugado. A diferença é que enquanto aqui eles rodam de Iveco, lá eles usam um Ducato! “Em 2013, percorremos Espanha, França e Suíça. No ano passado, em um mês rodamos a Itália.
 

Este ano, o passeio foi para Portugal e uma outra parte da Espanha. E, em 2016, vamos fazer o Leste Europeu”, detalha Benil, que após retornar da Europa vai dar um pulinho em Pomerode (SC), onde irá acontecer um grande encontro de proprietários de motorhome, entre os dias 10 e 20 de setembro. “Toda vez que partimos para uma viagem é como se estivéssemos embarcando para uma nova lua de mel!” Na Itália, Lúcia teve uma experiência inesquecível quando foi visitar Cappella Maggiore, em Treviso, a cidade de seus ancestrais e de muitos habitantes de Cachoeiro de Itapemirim, município do Espírito Santo marcado pela colonização italiana. “Minha família toda veio de lá e meu pai sempre dizia para não deixarmos de conhecer o cemitério dessa cidade, porque seria uma sensação única. E realmente foi. Vimos muitas lápides com os mesmos sobrenomes das famílias mais tradicionais de Cachoeiro de Itapemirim, como Catalvo, Gava, Perin e Zucolatto. Tinha até um túmulo de um homem com o nome e o sobrenome iguais aos do meu pai. Foi muito emocionante!”, conta a turista de carteirinha, que diz preferir os campings do exterior, porque as áreas são mais reservadas, os banheiros são limpos e oferece toda uma infraestrutura para os aventureiros, que podem contar até com piscina térmica e parque para as crianças. “Lá, você consegue reservar sua vaga com antecedência.

Aqui, os poucos locais que tem para você acampar, a regra é uma só: quem chega na frente, fica com a vaga.” Por essas e outras, o motorhome de Lúcia tem tudo. “Não dependo do camping para nada. E levo sempre um espumante na gaveta de nossa geladeira para comemorar cada momento especial que passamos a bordo da nossa casa itinerante.”

Vida sobre rodas

Por viajar muito pelas estradas latino-americanas, com o tempo, Benil acabou virando uma espécie de garoto-propaganda da Santo Inácio, empresa especializada na montagem de motorhomes. “Sempre me param na estrada para perguntar onde podem comprar um veículo assim e eu digo: aqui! Se a proposta for boa, vendo e peço a Santa Inácio para fazer outro!” Com sede em Gramado (RS), a Santo Inácio foi fundada em 2009, pela família Broilo, que na época notou um aumento significativo no número de motorhomes que frequentavam a bela Serra Gaúcha e decidiu investir na fabricação desse tipo de produto para atender a demanda local. “Desde então, temos produzido esse tipo de casa sobre rodas, sendo que a maioria é montada nos chassis da Iveco”, comenta Victor Rodolfo da Rosa, gerente comercial da Santo Inácio Motorhomes. De acordo com ele, o chassi mais utilizado é o Daily 70C17, por conta de sua capacidade de carga, que permite a

montagem de um motorhome de 8,5 metros de comprimento, capaz de acomodar até seis pessoas. “Por meio de seus chassis cabine, a Iveco nos proporciona a combinação perfeita para nossas montagens, que também podem ser feitas sobre o modelo 55C17, rodado duplo na traseira.” Ele informa ainda que a montagem de um motorhome varia de acordo com os itens opcionais solicitados pelo cliente e também o tamanho escolhido. E tecnologia não falta para facilitar a vida dos viajantes. Hoje, o proprietário conta com muitas opções que podem ser acionadas a partir de um único comando, como toldo elétrico, antena sky que procura o sinal automaticamente, sapatas elétricas para nivelar o motorhome, escada elétrica, além de autonomia placas de solares e geradores de energia que permitem aos tripulantes terem uma autonomia surpreendente.

“Independentemente dos acessórios escolhidos, o tempo de montagem de um motorhome é de dois meses, divididos em oito etapas de produção, com uma semana cada”, detalha o profissional, destacando que a Santo Inácio produz cerca de três unidades por mês. “Trabalhamos para transformar sonhos em realidade. Afinal, ter um motorhome é levar a casa sempre consigo, é viver a vida de uma forma única e especial, transformando cada cantinho do seu passeio no mais novo quintal da sua casa.” Para o casal Teixeira, mais que sonho, esse é um estilo de vida. “Muitos pensam que para levar a vida que nós levamos é preciso ser rico. Isso não é verdade. Você só precisa ter espírito aventureiro e se programar para levar esse tipo de vida. É uma escolha, como tantas outras que temos de fazer todos os dias!”, ensina Lúcia. “Escolha acertada, basta apenas você ter uma ideia na cabeça e um GPS na mão para pegar a estrada e ser feliz!”, completa Benil. “Quanto custa montar um motorhome? Bom, financeiramente, o custo varia, mas começa a partir de R$ 209 mil (básico), além do preço do chassi. Agora, como diz aquele famoso slogan: tem certas coisas na vida que não tem preço, né? Ser proprietário de um motorhome é uma delas!” Hoje, depois de tantas aventuras, esse casal que protagoniza uma verdadeira história de vida na estrada pode cantar em alto e bom tom a canção que o rei Roberto Carlos parece ter feito especialmente para Benil e Lúcia: “São tantas já vividas, são momentos que eu não esqueci. Detalhes de uma vida. Histórias que eu contei aqui... Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!”